Após as perdas de ontem, o mercado acionário dos EUA tenta se recuperar, mas os investidores seguem cautelosos. Os dados contínuos de inflação e as declarações da Reserva Federal sobre uma abordagem prudente em relação aos juros continuam limitando o crescimento dos índices, apesar dos sinais de resiliência econômica.
Além disso, eventos geopolíticos, tarifas comerciais e a divergência nas dinâmicas de mercado entre os EUA e a Europa seguem no radar dos investidores.
Na quarta-feira (13), os índices acionários dos EUA fecharam em território negativo: o Dow Jones recuou 0,5%, o S&P 500 caiu 0,27%, enquanto o Nasdaq conseguiu se manter levemente positivo, com um ganho de 0,03%. Os investidores reagiram aos dados de inflação, que indicaram que as pressões inflacionárias seguem acima da meta de 2%, ampliando as preocupações sobre os próximos passos do Federal Reserve.
O presidente do Fed, Jerome Powell, destacou que a economia dos EUA permanece forte, permitindo uma abordagem cautelosa e sem pressa para reduzir as taxas de juros. A instituição teme uma espiral inflacionária, especialmente diante da estabilidade do mercado de trabalho e do crescimento dos salários, fatores que podem dificultar a recuperação do mercado acionário.
Dinâmica do dólar
No mercado de moedas, o dólar americano inicialmente se fortaleceu em resposta aos dados de inflação, mas perdeu terreno no final do dia, sendo negociado em torno de 107,50. O sentimento do mercado melhorou após os comentários do presidente da Câmara, Mike Johnson, sobre possíveis isenções de tarifas, o que compensou parcialmente as preocupações com as políticas protecionistas de Trump.
O próprio presidente Trump relatou uma conversa "longa e produtiva" com Vladimir Putin, discutindo as perspectivas de acabar com a guerra na Ucrânia. Embora Trump tenha se abstido até agora de anunciar tarifas recíprocas, fontes da CNBC sugerem que isso poderia acontecer já em sua reunião com o primeiro-ministro indiano Narendra Modi.
Setor corporativo
No mundo corporativo, as ações da Reddit caíram mais de 13% após dados fracos sobre a base de usuários, enquanto as ações da Dutch Bros subiram 25% graças às fortes vendas e ao sólido desempenho financeiro.
Na quinta-feira, os mercados esperam os relatórios de lucros da Airbnb, Coinbase e Palo Alto Networks, bem como a divulgação do Índice de Preços ao Produtor (PPI), que pode dar um novo impulso aos índices.
Por que o mercado está se movendo lateralmente
As ações dos EUA estão sendo negociadas dentro de uma faixa estreita, apesar da resiliência da economia e do forte desempenho dos lucros corporativos. Em contrapartida, os índices europeus estão atingindo novos máximos históricos quase diariamente, aparentemente ignorando indicadores macroeconômicos fracos.
Essa diferença de desempenho pode ser atribuída à crescente divergência nas políticas monetárias, que está se tornando cada vez mais evidente para os investidores. Dados recentes do FedWatch Tool indicam uma probabilidade de 95% de que o Fed manterá sua taxa de juros inalterada na reunião de 19 de março —um aumento notável em relação à probabilidade de 75% há um mês e 83% há uma semana. No entanto, apesar dessas expectativas, o dólar recebeu pouco suporte, permanecendo em torno do nível de 107,50 —similar aos valores observados em dezembro, quando o Fed sugeriu pela primeira vez uma pausa nas alterações de juros.
O S&P 500 está preso em uma faixa há dois meses, no entanto, os índices europeus registraram ganhos impressionantes: desde 20 de dezembro, o DAX subiu 13%, o Euro Stoxx 50 avançou 12% e o FTSE 100 do Reino Unido acumulou 9%. Isso ocorre apesar da fraqueza econômica da zona do euro, criando um contraste ainda mais evidente com a dinâmica do mercado dos EUA.
Apesar dessas comparações, seria um erro extrapolar a situação atual para o futuro. A base macroeconômica dos EUA continua significativamente mais forte, e os lucros corporativos, ao contrário da Europa, continuam surpreendendo com resultados positivos.
Muitas empresas encerraram o quarto trimestre com crescimento de receita e lucro, o que atua como um fator de estabilização, limitando a possibilidade de vendas agressivas no mercado.
S&P 500
O S&P 500 permanece na faixa de 6040-6100, mostrando sinais de incerteza à medida que se equilibra entre os temores de inflação e as expectativas de flexibilização futura das políticas.
Se o índice romper acima de 6100, é provável que haja um aumento para 6150. Mas um rompimento abaixo de 6050 pode levar a uma queda em direção a 6000 e, se a pressão se intensificar, mais para baixo, para 5950, onde está localizada a média móvel de 50 dias.
Nasdaq 100
O Nasdaq 100 continua a lutar contra a resistência em 21750-21800. Se o mercado conseguir romper essa zona, é possível um aumento para 22.000, mas a pressão no setor de tecnologia persiste. Se o índice recuar, ele poderá cair para 21.600 e, em seguida, testar 21.400, onde a média móvel de 50 dias está posicionada.