Ontem, os índices acionários dos EUA voltaram a cair, atingindo novas mínimas semanais. O S&P 500 recuou 1,78%, enquanto o NASDAQ, focado em tecnologia, despencou 2,61%.
As bolsas asiáticas também acompanharam a tendência de queda, já que a posição instável do presidente Donald Trump em relação às tarifas comerciais para os principais parceiros exacerbou a incerteza do mercado e minou a confiança nas perspectivas econômicas.
As ações australianas e japonesas caíram mais de 1,5%, enquanto os futuros europeus recuavam antes mesmo da abertura dos mercados. O índice do dólar americano também registrou perdas, acumulando sua maior sequência negativa em quase um ano.
Os traders atribuem essa fraqueza à incerteza em torno das tarifas de Trump. Mesmo após o adiamento das tarifas sobre produtos mexicanos e canadenses no âmbito do acordo comercial da América do Norte, as ações dos EUA não conseguiram se recuperar, evidenciando o frágil apetite por risco entre os investidores.
Ao longo da semana, os mercados vêm recuando à medida que os investidores enfrentam incertezas geopolíticas e sinais conflitantes dos EUA sobre tarifas. O sentimento geral permanece obscurecido pela falta de clareza na agenda política de Trump. Embora ainda não haja sinais de pânico generalizado, o mercado acionário continua a perder força diante da queda na demanda por ativos de risco.
Os estrategistas de Wall Street debatem se as recentes perdas do mercado podem influenciar as decisões tarifárias de Trump. Alguns acreditam que ele pode reconsiderar suas políticas caso o mercado de ações — que ele frequentemente exibe como um indicador do sucesso de seu governo — continue a cair e afastar investidores.
Até o momento, Trump não deu sinais de que alterará sua estratégia. Em seu último discurso, minimizou a reação do mercado, afirmando: "Eu nem sequer olho para o mercado." A declaração contrasta com seus comentários anteriores ao Congresso nesta semana, quando reconheceu que as tarifas poderiam causar turbulência nos mercados, mas garantiu que seu governo está preparado para lidar com a situação.
Tendências de mercado e principais desenvolvimentos
Como mencionado anteriormente, os futuros das ações europeias recuaram 0,9% durante as negociações asiáticas. No entanto, os futuros do S&P 500 subiram 0,3% após uma previsão otimista de lucros da gigante americana de semicondutores Broadcom Inc., que impulsionou o sentimento dos investidores. A forte perspectiva de receita da empresa, impulsionada pelo setor de inteligência artificial (IA), fez com que suas ações saltassem 13% nas negociações após o expediente.
Os títulos do Tesouro dos EUA avançaram nesta sexta-feira, após uma sessão sem brilho na véspera. Já o peso mexicano e o dólar canadense se valorizaram com a notícia de um possível adiamento das tarifas comerciais.
Enquanto isso, o Bitcoin chegou a despencar 5,7% antes de recuperar parte das perdas. Embora Trump tenha cumprido sua promessa de campanha de criar uma reserva específica para o Bitcoin, os detalhes apresentados ficaram aquém das expectativas do setor.
Próximos dados econômicos e perspectivas de mercado
O relatório das folhas de pagamento não-agrícolas dos E.U.A., que será divulgado hoje, poderá ajudar os investidores a avaliar a direção futura das taxas de juros. O relatório de empregos do Bureau of Labor Statistics fornecerá novas percepções sobre as tendências do mercado de trabalho, que foi um pilar fundamental de apoio ao mercado acionário até janeiro.
Atualização sobre commodities
- O petróleo registrou sua maior queda semanal desde outubro
- O ouro continuou a subir com os traders buscando ativos portos-seguros
Perspectiva técnica para o S&P 500
A tendência de baixa permanece intacta. A principal missão dos compradores hoje será superar a resistência em US$ 5.766, o que sustentaria a recuperação e poderia abrir caminho para um movimento em direção a US$ 5.791. Além disso, os touros buscarão consolidar o controle acima de US$ 5.813, reforçando ainda mais sua posição.
Por outro lado, caso o apetite por risco continue a enfraquecer, os compradores precisarão defender o suporte em US$ 5.740. Um rompimento abaixo desse nível poderia acelerar a queda para US$ 5.715, com possibilidade de recuo adicional até US$ 5.687.